terça-feira, 5 de abril de 2011

Das histórias cujo fim o Japão não viu.

Onda.

Sentiram-na quebrar. Esticaram as pernas na areia fina, solta como se mãos jamais vistas houvessem depositado grão por grão na calada dessas noites que ninguém ouve nada lá fora. Quando a água lhes beijou os dedos, ele sorriu e ela corou. Aí ele também corou. Tímidos, voltaram os olhos para direções diferentes. Um fitava o mar, a outra, a orla.

Onda.

Ele olhava perto, sempre evitando o horizonte. Era como se a vastidão erma anunciasse que o vazio logo seria preenchido por caravelas, todas tripuladas por arautos de um passado agourento. Subiu os olhos, pois. Encontrou, no céu, um vislumbre de futuro; e na moça, uma companhia para vivenciá-lo.

Onda.

Ela contemplava o litoral. Tentava especular quantas daquelas muitas pessoas estiradas na areia já haviam se sentido daquele jeito. Torcia para que fossem todas. Torcia para que a mão dele escorregasse mais três centímetros e encontrasse a dela. Torcia, também, para que as areias da ampulheta ficassem estáticas como aquelas, imortalizando o momento.

Nada.

- Dizem que sua afinidade com uma pessoa pode ser medida pelo quão confortável você fica ao lado dela quando estão em silêncio. - arriscou o rapaz.
Ela gargalhou.
Ele não entendeu.
- Pulp Fiction. Não sabia que gostava de filmes ocidentais.
Ele praguejou a investida falha.
Ela riu um pouco mais.

Nada.

As mãos se tocaram, a água recuou e o silêncio voltou. Fitaram-se por um tempo que certamente foi longo, pois findado ele, eram os únicos remanescentes na areia. Não ligaram.

Nada.

Ele estufou o peito e tentou reunir coragem. Nenhuma apareceu. Frustrado na vã empreitada, buscou ajuda. Lembrou-se da inabalável fibra dos samurais, dos grandes Xôguns e de tudo que Tarantino fez a personagem de Bruce Willis enfrentar. Todos triunfaram, ele teria que igualar o feito. Sem corar, de mãos firmes em um mundo que agora parecia tremer, o rapaz fez-se homem:
- Não sei quanto a você, mas essa sensação é nova para mim. Quero saber se podemos

Onda.

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